A princípio, com base na anatomia vaginal, parece uma afirmação lógica. A vagina, quando a mulher está ereta, ficaria numa situação oblíqua, deixando a porção distal ou vulvar mais baixa. O sêmen e os espermatozoides poderiam então escorrer e sair do contato com o cérvix caindo fora da vagina.
Devemos lembrar que, durante a fase de plateau da relação sexual, há uma vasocongestão do terço distal da vagina diminuindo o lume em até 50%, e há um alargamento do terço fúndico associado a uma elevação uterina e cervical, aumentando o espaço no fundo vaginal. Após o orgasmo e retirada do pênis, há uma descida do útero e cérvix em direção ao fundo de saco vaginal, mergulhando o colo uterino no lago seminal.
O estreitamento provocado pela vasocongestão do terço mais externo da vagina pode dificultar a saída do conteúdo vaginal durante os primeiros minutos pós-orgasmo. Portanto, é pouco provável que qualquer manobra seria capaz de remover o conteúdo vaginal por completo. O trabalho clássico de transporte espermático em humanos de Settlage e cols, em 1973, descreveu a presença de espermatozoides nas tubas uterinas cinco minutos após inseminação vaginal de sêmen completo. O número de espermatozoides encontrados estava diretamente relacionado ao número de espermatozoides inseminados e que o plateau de concentração espermática nas tubas era encontrado com quinze minutos pós-inseminação.
Mostraram ainda que 1 em cada 2.000 espermatozoides inseminados na vagina era encontrado no muco cervical, e 1 de cada 14 milhões de espermatozoides inseminados era encontrado nas tubas. Só podemos pensar que, em casos extremos de limite de fertilidade masculina, onde baixa concentração espermática ou alterações de motilidade se encontram na fronteira da normalidade, o escape de parte do conteúdo seminal poderia ser suficiente para impedir a fertilidade.